domingo, 10 de abril de 2011

Massacre no Rio de Janeiro

Colegas de turma de Wellington Menezes de Oliveira, 23, protagonista do massacre no colégio Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, disseram nesta sexta-feira (8) ao UOL Notícias que ele foi vítima de bullying na escola e sempre apresentou comportamento “estranho”.
“Ele aceitava as brincadeiras vindas dos meninos, pelo menos parecia. Mas as das meninas o deixavam muito abalado”, afirma Thiago da Cruz, 23, que fez uma parte do ensino fundamental com Wellington.  “Elas, além de zoarem muito o jeito de andar dele e o modo como se vestia, ficavam fingindo ‘dar mole’ e, depois, o ridicularizavam.”
Para Thiago, há um sentimento de culpa. "Alguns ex-alunos se sentem culpados sabendo que inocentes pagaram por um ódio que ele sentia pela nossa turma."
O estudante Márcio Corrêa Gonçalves, 24, lembra que o atirador dizia coisas desconexas. "O Wellington era um cara meio estranho, não falava com quase ninguém. Nas poucas vezes que trocamos algumas palavras, ele disse coisas sem sentido sobre problemas na família, sobre se sentir sozinho sempre", afirmou Márcio, que acompanhou as homenagens às vítimas na porta do colégio nesta sexta-feira.
Com boné tapando o rosto e postura cabisbaixa, o jovem prestava atenção em cada detalhe da movimentação na porta da escola e não quis informar o ano e a série em que ele e Wellington estudaram juntos. De acordo com Márcio, o atirador nunca manifestou interesse aparente por armas de fogo e sofria frequentes gozações do resto da turma.
Em toda sala de aula, o aluno que é meio estranho acaba sendo 'zoado' pelos outros. Isso é uma coisa que sempre existiu e com o Wellington não era diferente. Alguns desconfiavam até que ele fosse gay", afirmou.

"Wellinguiton"

O estudante Ícaro Belini, 23 anos, também foi colega de Wellington na na sétima série do ensino fundamental, na Tasso da Silveira, e também no segundo grau, na escola Madre Teresa de Calcutá, no Rio de Janeiro.
Ícaro diz que a recordação mais forte que ele tem de Wellington foi no primeiro dia de aula dos dois juntos, quando um professor de geografia pediu para todos se apresentarem. Quando Wellington foi dizer seu nome, disse "Wellinguiton" e todos riram, mesmo quando ele explicou que esta era a maneira como seu nome era escrito.
Segundo Ícaro, naquela época, havia alunos de até 20 anos na turma e os mais velhos batiam nos mais novos -- incluindo Wellington e ele próprio.
O ex-colega reforça os relatos de que o atirador era sozinho e recluso. "A gente não via ele nem com meninos, quanto menos com meninas", conta. "Ele não fazia bagunça, era uma pessoa muito calada. Era uma pessoa que se sentasse do seu lado você nem iria notar", lembra Ícaro.

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